Quem tem medo do Seguro Digital?

Por Joel de Oliveira*

Num CIAB há cerca de cinco anos, o palestrante Silvio Meira foi questionado: “Qual a melhor reação dos bancos face às inovações e iniciativas em meios de pagamento, surgindo pelo mundo afora?”. A resposta foi direta: “Ter medo!”. Ele tinha razão – mudanças estão batendo à nossa porta, precisamos de novas estratégias de negócio.

No caso da transformação digital – motivada pela adoção de tecnologias inovadoras, por vezes disruptivas, na busca de vantagem competitiva, simplificação operacional, maior lucratividade e satisfação dos clientes – o impacto no segmento de Seguros faz parte de algo bem maior: a humanidade se prepara para novo salto qualitativo, abrangente, com impactos na forma do cliente adquirir coberturas e se relacionar com as seguradoras:

Estágio atual  x O que vem por aí:

Medicina empírica => Biologia Genética

Petróleo, Eletricidade, geração em larga escala => Energia eólica e fotovoltaica, geração individual

Chips e Computação Digital => Computação Quântica

Telecomunicações e Internet => AI & Deep Reinforcement Learning

Diretriz comercial: encantar o cliente => Diretriz comercial: decidir pelo cliente

Fonte: BCG, Dawn of Deep Tech Ecosystem, 2019, Portincaso, de La Tour & Soussan (adaptado)

Em seguros, especialmente nos ramos massificados, mudanças já estão sendo desenhadas, em geral na direção de precificação atrelada a uso efetivo, e individualização do risco:

Segurado deixa carro na garagem e usa metrô/moto/patinete para se deslocar, com mochila e notebook; compra pelo celular coberturas de vida/AP (Pay as you Live), Roubo e Furto, Colisões, RC, tudo averbado instantaneamente, aceita cotação e paga; carro permanece na garagem, com custo reduzido nas coberturas habituais; no sinistro, cliente filma e submete ao software de peritagem, a plataforma consegue “mensurar” o estrago e comparar com franquia.

O pré-requisito parece basear-se em perfil e comportamento do usuário muito bem estudados, conhecidos e complementados por redes sociais e telemetria (GPS, Triangulação) no celular, nos termos da LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados.

As mudanças no segmento chegaram, porém a transição para patamares mais relevantes de participação no resultado financeiro deverá ser lenta. Na visão de Marcio Paes, CEO da Sistran Informática, o sucesso desta etapa advirá do grau de conhecimento efetivo sobre processos do negócio de Seguros que possam ser mais alavancados por tecnologia emergente (incansavelmente mutante!), mas nada substitui o entendimento pleno das jornadas dos clientes, condições dos produtos, e operações da seguradora.

Mesmo com tentativas e erros, haverá vantagem para early adopters, reforçarão sua imagem de inovação e modernidade, com lançamento de novidades relevantes, em geral apoiados por consultorias especializadas combinando tecnologia e soluções de negócio.

Veremos a chegada ao mercado de novos elementos: operadoras, clientes, produtos e tecnologias – Assets e outras instituições financeiras abrirão seguradoras, millenials comprarão seguro pela primeira vez, coberturas de mobilidade serão ligadas mais ao cliente que ao bem protegido – tudo em novos modelos combinados de ofertas, vendidas nos canais usuais e em Market Places.

As pressões e oportunidades de inovações estão vindo de fora (demandadas por clientes mais exigentes, treinados nas interfaces de dispositivos móveis), sem todavia alterar a essência do negócio: produtos requerem notas técnicas, coberturas demandam reservas compatíveis, sinistros precisam de regulação…  E o resultado final (combined) a longo prazo tem de ser positivo (< 100 %).

Até aqui 2019 mostra resultados acima do esperado – esse ano marcará o início da revolução das ofertas, com menores custos de operação para as seguradoras?

(*) Joel de Oliveira – diretor Comercial/Novos Negócios da Sistran, especializada em soluções e projetos para seguradoras. Formado em Engenharia com MBA Finanças, atuou em empresas globais de Consultoria e TI.


10 de julho de 2019 | Atualizado dia 16 de julho de 2019


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